O preço da generosidade

domingo, 28 de março de 2010

Chafic Jbeili - chafic.jbeili@gmail.com

Como é insuportável e doloroso doar-se pela saúde e qualidade de vida dos colegas educadores e, ainda assim, depois de dez anos de dedicação, estendendo a mão amiga, orientando muitos desta classe que tanto admiro, ser por um deles tratado como bandido.

Como é insuportável e pesaroso tolerar aqueles recém-graduados que, inconscientemente sugestionados por algum de seus mestres frustrados, portadores de notórios diplomas e almas amarguradas, se apresentam coléricos, contaminados com os abusos dos rigores acadêmicos cujas exigências mais refletem uma personalidade perversa do que o espírito científico produtivo. Tal comportamento de nada vale para as relações de amizade e de trabalho, muito menos para o ensino eficaz. Estes exigem muito dos outros aquilo que nem eles mesmos, em toda sua vida, poderão oferecer.

Mal sabem que a letra mata, mas o espírito vivifica. A letra é o significado da palavra escrita, e o espírito o significante do que a palavra representa e aflora no outro. Mas não é por isto que deixarei de ser quem eu sou e fazer o pouco que faço. Este é o preço da pouca generosidade que arrisco colocar em prática pensando em quem realmente vale a pena fazer algo.

Mesmo porque são pouquíssimos os deficientes proprioceptivos que me aparecem (na verdade um por ano!). São vítimas de abusos dos mais varidos tipos, no que tange às exigências sem causa, sem razão e sem limites. Eles aparecem do nada, com dez pedras nas mãos e o canudo da formatura pendurado no pescoço, rangendo os dentes, com suas babas verdes de alienígena possesso e rosnando como cão ávido pela bocada. Eles me parecem o filho de Alien com o Predador fazendo o filme O Exorcista.

Digo a ela: Que faculdade horrenda esta que você foi submetida a graduar-se minha jovem e imatura recém-formada? Quanta raiva e ódio acumulados. Deu vontade de dizer mais... Vá derramar seu caminhãozinho de lixo emocional no quinto dos infernos, ou melhor, vá reciclá-lo no divã de algum psicanalista ou psicólogo competente dos tantos que conheço. Será que nunca ouviu falar em Cristo? Ou pelo menos em Buda ou Ghandy? Quanta falta de espiritualidade...

A pessoa que desconhece a si, representa um risco para uma cidade inteira, mas a pessoa que desconhece o amor de Deus é um risco para a humanidade. São os mal amados, super-exigidos de ontem que se tornam e produzem os super-exigentes de hoje.

Esta é a lição: Jamais deixe de ser quem você é por causa daqueles que mal conhecem a si mesmos. Suas virtudes não devem ser colcoadas de lado por causa das maldades de algumas poucas pessoas. O pouco que fizer, faça por amor sem relação com o objeto e sem esperar algo em troca.

àquela mal agradecida eu digo: Se o que tenho te serve, sirva-se! Senão, deixe para outros que querem e sabem valorizar! Estes sim, não são poucos e fazem valer a pena eu pagar o preço deste meu pequeno pedaço de generosidade! (Chafic Jbeili)

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