Por Chafic Jbeili – www.chafic.com.br
Recentemente acompanhei minha filha Anna, de seis anos, a um aniversário infantil. Na área externa do salão de festas havia uma piscina de bolinhas e um pula-pula. Anna cumprimentou os anfitriões da festa, entregou o presente ao aniversariante e, como toda criança, foi logo para perto dos brinquedos onde havia uma jovem para organizar a fila. A moça de boa apresentação, mas totalmente alheia parecia ser uma destas profissionais avulsas que fazem “bicos” em festas para ganhar trinta reais por algumas horas de serviço do tipo: “só por hoje”.
Assentada nos degraus da piscina de bolinhas, com os cotovelos sobre os joelhos e as mãos escorando a cabeça, a jovem freelancer parecia mais estar esperando o próximo trem para a cidade de “me tirem daqui” do que para organizar a brincadeira e entreter as crianças, como qualquer bom profissional faria. Bem-feito! Perdeu-me como futuro cliente, já que sou pai de uma criança que também faz aniversários!
Para tentar desculpá-la naquilo que ela disse sem dizer, procurei justificavas para o descaso com o trabalho temporário e principalmente para com aquelas crianças, mas a indiferença dela gritava mais alto do que meus pensamentos. Foi aí que um insight me ocorreu: Imediatamente me veio a analogia com a atitude de muitos profissionais em nossas escolas. Eu mesmo conheço meia dúzia de professoras com comportamento muito semelhante ao daquela jovem da piscina de bolinhas. São os freelancers da educação, transviados de suas verdadeiras vocações fazem um “bico” como docente. Triste né?!
Esses docentes freelancers da educação, são meros batedores de ponto; boicotam reuniões pedagógicas, fazem corpo mole nos eventos escolares, quase nos convencem de que não têm o bastante e na maioria das vezes não têm nada a dizer, nem sugerir. Em contrapartida são ativistas militantes na reivindicação por melhores salários e atiradores de elite nas falhas dos colegas ou da direção da escola. Análogos àquela jovem, estão pouco se lixando para o processo ensino-aprendizagem e mal conhecem as pessoas para quem trabalham. Assentam-se nos degraus de entrada do átrio do saber e permanecem de costas ao que importa; alheias a tudo o que acontece mantém o pensamento bem longe dali e contam as horas do dia, os dias dos meses e os meses do ano para receber o próximo pagamento ou tirar as próximas férias.
Não me refiro exclusivamente aos professores de contrato temporário não! Estou me referindo aos professores concursados também, funcionários de carreira que se prestam ao papel de freelancers da educação. A sorte de nossas crianças e do sistema educacional é que estes tipos de profissionais não representam a categoria, nem sequer se parecem com os verdadeiros profissionais freelancers ou educadores que tive o privilégio de conhecer e saber existir. Eu acredito no profissionalismo de muitos trabalhadores temporários ou de carreira, só não gosto de ser enganado pelos oportunistas!
Os oportunistas de festas infantis e da Educação defloram os próprios sonhos e os próprios desejos. Violam a si mesmas quando se submetem a trabalhos contrários às suas aspirações e, por isto, ficam com aquela atitude indiferente, angustiada e cujo comportamento expressa a sua antipatia pelo que está fazendo, mas como precisam do dinheiro (apenas) se obrigam a cumprir o horário (ou o ano letivo) deste trabalho que para os vocacionados é uma dádiva, mas para si é só mais uma atividade remunerada.
Educadores de verdade exigem respeito ao ofício de professor e bravamente militam em favor do sistema educacional e dos próprios educandos. Freelancers da educação agem em favor de si mesmos, denigrem a imagem do verdadeiro educador e contaminam todo o sistema educacional.
Prof. Chafic Jbeili
Psicanalista e Psicopedagogo
Diretor e editor Chafic.com.br - www.chafic.com.br
Diretor-executivo ABMP/DF - www.abmpdf.com
Presidente Sopensar - sopensardf.blogspot.com
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Amor eterno
Há 10 anos
1 comentários:
Antes de refletir sobre o tema desta semana quero esclarecer que o termo freelancer utilizado por mim neste texto não tem aqui qualquer intenção generalista de associar a categoria de profissionais freelancers ao trabalho mal feito, haja vista a área de jornalismo, por exemplo, contar com exímios freelancers, dignos de todo crédito. Antes, ao forjar o termo Freelancer da Educação quis me referir a determinadas pessoas oportunistas que agem sem compromisso, trabalhando como professor(a) anos a fio como se estivessem fazendo apenas um "bico".
Infelizmente, para ganhar algum dinheiro, pessoas desesperadas pegam qualquer trabalho freelancer e às vezes até ofício extremamente importante e sério como é a educação, sem levar em consideração a responsabilidade da obrigação que assumem: a de educar!
Prof. Chafic Jbeili
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