Discurso sobre o tema sexualidade é equivocado

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Constatação é de que professores não se sentem à vontade sobre o assunto; sobram preconceitos e esteriótipos

18/06/2009 - 11h12 . Atualizada em 18/06/2009 - 11h19

Fabiano Ormaneze
Agência Anhangüera de Notícias

Aproveitando o mês da diversidade sexual, com várias manifestações pelo País contra a discriminação, o Fórum Permanente de Desafios do Magistério discutiu ontem o tema “gênero e sexualidade na escola”, no Centro de Convenções da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A constatação de especialistas é de que educadores ainda não se sentem à vontade para abordar o assunto e de que, no discurso empregado por eles, sobram preconceitos e reafirmações de estereótipos.

O Desafios do Magistério é uma promoção da Associação de Leitura do Brasil (ALB), da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), por meio do projeto Correio Escola, e da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O discurso sobre a sexualidade ainda se resume às questões biológicas. São desconsiderados aspectos ligados à constituição histórico-social do que se considera padrão. A discussão que se vê se baseia em chamar de homem quem tem pênis e de mulher quem tem vagina, cada um se atraindo pelo sexo oposto. Qualquer conceito diferente é considerado anormal”, explicou a professora e pesquisadora Helena Altman, da Unicamp. O professor Anderson Ferrari, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e militante do movimento gay, contou que, durante entrevistas com homossexuais, a escola sempre aparecia como um lugar para o preconceito. “As primeiras ofensas e agressões acontecem entre os colegas de turma”, contou.

A formação continuada de professores e a discussão interdisciplinar sobre a sexualidade, envolvendo áreas como história, antropologia, filosofia e sociologia, podem significar uma mudança de posicionamento. “Como dizia Foucault (Michel Foucault, filósofo francês da segunda metade do século 20), todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou modificar os discursos”, lembrou a professora Cláudia Ribeiro, da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

A professora Maria Rita de Assis César, da Universidade Estadual do Paraná (UFPR), explicou que, geralmente, os professores restringem às aulas à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). “Num levantamento que fizemos, professores não se sentiam à vontade para falar de assuntos como masturbação ou homossexualidade. Não falar abertamente sobre esses temas colabora para que o preconceito seja mantido”, disse.

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In: http://www.cosmo.com.br/institucionais/correio_escola/mostra_noticia.php?url=\noticias\2009\06\18\30857.php Acesso em 26/06/2009.

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