Direitos humanos sem obrigações sociais.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Prof. Chafic Jbeili - www.chafic.com.br

Há um centro comercial que freqüento pelo menos duas vezes por semana. Neste lugar há uma lanchonete, um banco e um caixa eletrônico que estão na minha rotina semanal. O estacionamento é ao ar livre, onde um jovem de aproximadamente dezenove anos, não mais do que isto, se oferece para vigiar os carros que ali estacionam.

Fico admirado pela força de vontade dele querer trabalhar e ganhar alguns trocados, inclusive os meus que de vez em quando dou. às vezes, quando lhe dou umas moedas penso que estou cooperando para que ele permaneça nesta condição, mas também penso que, se não dou, posso estar privando-o deste ímpeto trabalhista e produzindo mais um futuro marginal que ao invés de trabalhar, decidirá roubar. Vai saber né? De qualquer forma, sempre que "pago" pela vigiada, pergunto: "Tá estudando?" e ele responde que sim! Tomara que seja verdade, pois o único recurso palpável que pode realmente mudar a vida de uma pessoa é a Educação.

Bem, estive neste local dias atrás e o jovem me disse com um sorrisão estampado no rosto: “Eu irei casar naquela igreja semana que vem...” e apontou para uma Igreja Evangélica do outro lado da rua. Confesso que perdi o chão, pois em questão de segundos pensei como será a vida familiar deste jovem. A relação com a esposa, a educação dos filhos, a reunião de pais na escola de seus futuros filhos, a manutenção familiar de modo geral. Pensei na vida dele daqui a cinco ou dez anos e com dois ou três filhos para criar, vestir, alimentar, dar estudo, amar, instruir para a vida etc.

Não subestimei a capacidade do jovem, pois sempre acredito e aposto no potencial das pessoas, mas me preocupou sua condição social para produzir algo que chamamos de “célula da sociedade”, a família. Minha primeira filha eu tive aos dezenove anos e nem quero lembrar as condições que precisei submeter uma mulher e uma criança para poder usufruir meu direito humano de casar e ter filhos incondicionalmente. Esta política da incondicionalidade está errada. Eu me vi naquele jovem e me assusta saber que ainda se pode casar e ter filhos sem qualquer preparo pessoal ou condição social.

Foi então que a inspiração desta reflexão brotou instantaneamente. Todo mundo tem o direito humano de casar e ter quantos filhos quiser se assim decidir, mas ninguém tem a obrigação social de garantir manutenção à família, nem de apresentar condições e capacitação mínimas para geração, criação e educação de filhos.

Seria desumana uma lei que permitisse ter filhos somente aquelas pessoas que apresentarem condições mínimas para isto? E ainda, que as pessoas candidatas a pais apresentassem uma família estruturada como “avalista”? Porque o Governo preza tanto pelos bens móveis e imóveis, a relação de consumo, mas não há qualquer cuidado semelhante com a geração de famílias e criação de filhos? é tanto selo exigido das indústrias para produzir uma simples salsicha e porque não se exige um nada para produzir filhos?

Será que exigindo mais dos candidatos a progenitores não haveria menos crianças dormindo debaixo de pontes, sendo abusadas psicológica e sexualmente pelos próprios pais ou responsáveis?

Porque os direitos humanos privilegiam quem não tem condições de ser pai ou mãe, garantido-os o direito de copular e parir incondicionalmente e, ao mesmo tempo, pune o fruto deste ato mais animal do que racional, colocando no mundo uma ou mais crianças que irão nascer sem as mínimas condições para serem geradas, criadas e educadas? Basta que veja o perfil dos pais de bandidos e marginais que assombram a população, salvo raríssimas excessões.

Minha reflexão insiste acreditar que o caos social, a violência, a criminalidade é culpa da política inconseqüente de praticar e garantir direitos humanos incondicionais sem exigir obrigações sociais prévias e também posteriores na consecução de família e geração de filhos.

Esta política é a mesma que privilegia o bandido e pune a vítima, tal qual fez Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda, quando perdoou o padrasto estuprador e excomungou a criança estuprada. Tal qual faz o sistema penitenciário que concede indulto aos presos enquanto confina o cidadão de bem.

Eu reconheço a importância dos direitos humanos. Considero-me um eco-humanista porque sou preocupado com a condição pessoal, social e psicológica de cada ser vivo e sua interação com o meio ambiente. Só não considero saudável a incondicionalidade dos direitos humanos, onde os humanos de bem são preteridos e os humanos do mal. privilegiados.

Quando vejo o caos social fico tentado a encontrar uma causa mais elementar para toda esta desordem e desigualdade social que testemunhamos e vivenciamos no dia a dia. Neste momento não penso outra causa senão a incondicionalidade dos direitos humanos sem as obrigaoes sociais prévias e posteriores ao exercício dos direitos humanos.
Abraços,

Prof. Chafic Jbeili
Psicanalista e Psicopedagogo
Diretor e editor Chafic.com.br -
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Diretor-executivo ABMP/DF - www.abmpdf.com
Presidente Sopensar - sopensardf.blogspot.com
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Suporte e formação continuada para educadores(61)3377-9175 (61)8490-3648
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1 comentários:

Franco Moraes disse...

Neste texto fui mais crítico do que de costume, mas abordei uma questão que muito nos preocupa, tenho certeza: a condição em que as crianças são geradas, criadas e educadas.

Arrisquei um palpite sobre o caos social que vivenciamos, veja se você compartilha deste pensamento.

Prof. Chafic Jbeili