O que está pronto acabado está!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Prof. Chafic Jbeili - www.unicead.com.br

“O que vale a pena ser feito, vale a pena ser bem feito!”. Com esta frase recebi do comandante da 4ª BDA INF MTZ (lê-se: Quarta Brigada de Infantaria Motorizada) as minhas boas vindas ao Exército Brasileiro para o cumprimento do serviço militar, em 1988.

Desde engraxar o coturno, limpar o fuzil e até a mais complexa das tarefas militares, tudo deveria ser muito bem feito. N&at ilde;o há princípio melhor do que este para evitar o retrabalho e tornar produtiva uma atividade importante: Faça bem feito para fazer uma vez só!

Se a primeira impressão é a que fica, então o brilho do coturno faz sentido! Pensar assim estimula a busca pela excelência em tudo que se propõe fazer. Quem é desleixado com o brilho do coturno, corre o risco de o ser também com a limpeza do fuzil e, por consequência, incorporar o hábito de fazer as coisas de qualquer jeito. Uma arma mal limpa corre o risco de não funcionar naquele momento de vida ou morte, podendo colocar em risco a própria vida e a vida de toda uma guarnição.

Sabe-se que o padrão de comportamento consciente ou inconsciente determina como a pessoa faz quase a totalidade das coisas em sua rotina diária. Considerando mínimo grau de variação de esmero ou displicência para mais ou para menos, nessa ou naquela tarefa, de modo geral o padrão habitual prevalecerá em quase tudo o que a pessoa faz no dia a dia. O maior dos estragos começa sempre com o menor dos desleixos.

Observe as pessoas com quem você trabalha ou convive e procure identificar àquelas que tratam, o tempo todo, as coisas dela e a dos outros de forma displicente além da conta. Depois de identificá-la, redobre sua atenção com essa pessoa, pois muito provavelmente ela poderá colocar em “xeque” a reputação e o trabalho de todos. é comum e natural a maioria das pessoas ser mais criteriosa com uma coisa do que com outra, porém, salvo raríssimos casos, a pessoa displicente com quase tudo que está sob sua responsabilidade ou está à sua mão para fazer, proporcionalmente também o será no ex ercício de sua profissão.

Na guerra, o inimigo nunca dará uma segunda chance ao soldado desleixado. O tiro mal dado além de não efetivar o objetivo da missão poderá denunciar a posição do atirador e torná-lo vítima ao invés de herói. Na vida, não é diferente! Há coisas que precisam ser realizadas com maestria logo da primeira vez, pois muito provavelmente o tempo não permitirá ajustes e o mal feito se eternizará no currículo e na vida de quem cometeu aquele lapso, tornando-se verdadeiras assombrações por um bom tempo, quem sabe por toda a vida.

A princípio o erro involuntário não deve ser considerado vergonhoso e dificilmente causará maiores danos a não ser que sua existência se deu por imperícia, negligência ou imprudência. Pior quando causa danos a terceiros. Claro que as oportunidades sempre surgem, porém aquela batalha, aquela corrida, aquela tarefa ou aquela aula nunca mais será possível realizá-las pela segunda vez, no intuito de alterar o resultado anterior. O tempo é implacável com isso e o que está feito jamais estará por fazer!

Isso quer dizer que há profissões, papéis ou tarefas em que a pessoa, dependendo do momento, deverá ser capaz manter alto padrão de disciplina, concentração e rigor metodológico para minimizar as possibilidades de erro e evitar colocar em maior risco aquilo que é por si só por demais arriscado, por isso eu creio no princípio de que tudo o que vale a pena ser feito, vale a pena ser bem feito!

Mesmo havendo lógica no erro; mesmo sabendo que errar é humano; mesmo acreditando que todos merecem nova chance; mesmo a pe ssoa se redimindo, assumindo, pagando ou se retratando publicamente por um deslize cometido; mesmo sabendo que o que não tem solução solucionado está, do mesmo modo, aquilo que está pronto acabado está!

Abraços,

Prof. Chafic

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