A nociva singularidade do óbvio!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Prof. Chafic Jbeili – www.unicead.com.br

Tudo que é óbvio também é cômodo porque dá segurança. A garantia das respostas prontas e o apego às certezas facilitam em muito a rotina diária, favorece a lei do menor esforço. Em contrapartida, a chancela do óbvio leva o sujeito à estagnação do pensamento e à zona de conforto . Penso ser preciso provocar movimento às partículas de certezas que o ego força decantar no lago escuro e profundo do inconsciente, na maioria das vezes simplesmente por comodidade.

Em desconfortável exame a uma dessas partículas constatei, à contra gosto no primeiro momento, que nada pode ser mais ilusório do que aquilo que se apresenta como óbvio. Como é difícil aceitar rápido tal verdade sem ficar contrariado! Mas depois que se aceita a possibilidade deste fato, novos e largos horizontes se consolidam trazendo brilhantes perspectivas sobre uma coisa que parecia resolvida. é como se tentássemos guardar e preservar uma pequena semente ao invés de concordar enterrá-la e destruí-la para que dela surgisse uma árvore.

Ao mostrar uma semente a alguém e perguntar a esse alguém o que ele vê, a resposta óbvia seria “uma semente”, porém, ao mostrar uma semente a um visionário certamente ele dirá “vejo um pomar!”. Em continuidade, o que você vê quando olha uma semente, um objeto qualquer, seu emprego, seu casamento ou a si mesmo quando olha no espelho? Muito pouco além do óbvio, certo? Agora tente ampliar esta visão e enxergar além daquilo que se vê! Logo logo uma sensação de esperança, de fé e de grandeza começará tímida e irá aumentando aos poucos. Acostumamos a ver apenas o óbvio, mas é preciso enxergar além daquilo que se pode ver, ampliando as perspectivas (e não expectativas) sobre as coisas e as pessoas como elas são ou se apresentam.

Sim! Para o homem comum nada e ninguém está além da forma como se apresenta, enquanto para o homem de visão nada e ninguém é exatamente o que parece ser e, por isso, a aceitação na obviedade das coisas não combina com a prosperidade, com o crescimento, com o milagre, como não deveria combinar com a aprendizagem também. Um professor comum vê um aluno apenas como mais um a-lumem ou “sem luz”, enquanto o educador vê o educando como um agente de transformação social e guardião do planeta, daí começa a tratá-lo como tal, ao invés de limitar-se a enxergá-lo apenas como um incompetente e infeliz marginal vítima de uma família desestruturada e refém de um sistema, obsoleto, corrupto e ineficiente, por exemplo.

Nesse sentido, agarrar-se ao óbvio evita gastar grande quantidade de valiosa energia que é desprendida à toa só para a manutenção da aparente condição de ser, estar e possuir, e cuja tentati va do homem comum é a de imprimir a inquestionabilidade às coisas, enquanto que para o visionário a coisa óbvia é em si uma incoerência no mínimo limitadora, para não dizer absurda. O homem comum contenta-se em limitar-se a reclamar do mal feito, enquanto o visionário inquieta-se em seu íntimo ante às suas certezas, busca alternativas, cria oportunidades e não acredita no que vê, mas no que pode fazer daquilo que viu.

A obviedade é contraproducente, pois sugere a estagnação pela suposta conclusão final, pronta, acabada e não suscetível a variações, trasnformações, melhoramentos. São assim as certezas que não se quer questionar, por à prova. Assim, nenhuma pergunta pode ser considerada boba ou descabida, a não ser pelo homem comum, porém oportuna e instigante para o homem br ilhante, bem sucedido e é assim que educadores e educandos precisam se sentir enquanto mediam e partilham conhecimentos, experiências e aprendizagens.

Depois de relutar decidi não mais aceitar o óbvio em seu estado natural, porque as pessoas são singulares e cada qual tem um jeito especial e único de ser e fazer as mesmas coisas, mas de formas diferentes, em sentidos e momentos distintos e intenções muito subjetivas, contrariando toda e qualquer forma de obviedade, revelando de modo incômodo que a obviedade nada mais é do que uma comodidade da mente enfastiada, inerente ao homem comum, cansado, sem esperança, que foi estimulado a se limitar às suas certezas e por isso mostra-se inseguro, indeciso e mal sucedido como ser humano, obviamente! Mas, a partir de agora não mais tão óbvio para mim ou para você, certo?

Abraços,

Chafic Jbeili

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