ENTENDENDO A PESQUISA SALARIAL

terça-feira, 20 de abril de 2010

por Renato Fazzolari

Um amigo meu que tem 3 filhos, e todos com personalidades e comportamentos muito diferentes, me confessou em tom de queixa: - Não sei o que acontece, criei os três igualmente, com a mesma atenção, mas cada um saiu diferente do outro.

Respondi-lhe que cada um é uma individualidade, e tinham suas necessidades diferentes, de forma que, se ele tratou todos da mesma maneira, com certeza para um pode ter excedido, enquanto que para outro pode ter faltado atenção.

Analogamente ocorre com as empresas, é comum se ouvir falar através das direções que: - Na minha empresa quero que todos os funcionários estejam na média ou no 3º Quartil (que é um valor acima da média do mercado).

Falam isso como se a média ou 3º Quartil fosse um número absoluto, e uma solução que comprovará a eficácia de sua política de salários.

Puro engano!

Pesquisa salarial é como o caso do indivíduo que teve a cabeça colocada no freezer e os pés no forno. A temperatura do umbigo estava na média, mas o indivíduo morreu.

Quem trabalha com pesquisas salariais sabe muito bem que as variáveis que compõem uma pesquisa são tantas e se não forem muito bem ponderadas, poderão dar uma distorção nos resultados, que ao invés de ajudar irá só atrapalhar.

Vejamos alguns exemplos que podem causar essas distorções:

- A pesquisa é um conjunto de números, que oscilam demasiadamente;
- Nem todas as empresas que participam são as que mais interessam, às vezes conforme o caso, as que mais interessam não participam;
- Os números que se obtém nas tabulações são fabricados estatisticamente, eles mesmos não existem como salários reais;
- A correlação da importância do cargo que se tem na empresa, com o pesquisado, em geral é sempre diferente;
- O equilíbrio interno que o cargo está situado, em relação ao das outras empresas nunca é igual, e daí por diante.

De maneira que, se não se souber usar a pesquisa, analítica e ponderadamente, poderá se estar cometendo um grande equívoco administrativo, e apesar das boas intenções, haverá o risco de formalizar um desajuste nas estruturas salariais, e criar um descontentamento e desmotivação entre os profissionais da empresa; e tal qual o pai das crianças citado acima, se estará errando, porém com a consciência tranqüila de se estar fazendo o melhor possível.

Obs.: No caso específico de Usinas, em função da enorme dinâmica que o setor vem passando, e a revalorização dos cargos no mercado, devido a maior ou menor escassez de categoria de profissionais, o risco de se obter uma pesquisa distorcida é muito grande, de modo que é prudente aguardar um cenário de mercado um pouco mais estável para se realizar qualquer pesquisa salarial. E enquanto isso use o bom senso, levando em consideração a realidade da usina, a necessidade e o custo x benefício de cada cargo, e não deixe de ponderar o equilíbrio interno.

"Dicas em Conta Gotas”, são matérias compactas que periodicamente a AGRHO divulga, que abordam temas variados e relevantes, procurando despertar e/ou orientar nossos parceiros, sobre as armadilhas organizacionais e comportamentais do dia-a-dia.

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