A importância dos veteranos nas organizações

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Maiara Tortorette

Eles conhecem a empresa como a palma da mão e acompanharam grande parte do seu desenvolvimento. Os veteranos são funcionários que, além de armazenarem um precioso conhecimento e experiência, criam uma ligação de afeto com o local de trabalho, tem pleno domínio sobre os serviços que executam e já passaram por diversas áreas. No entanto, mesmo com tamanha bagagem, ainda existe um questionamento constante quanto às vantagens entre mantê-los ou contratar novos profissionais.

O primeiro passo importante é ter a certeza que o profissional com anos de casa ainda se preocupa em aprender e se desenvolver, ou que o novo colaborador está disposto a encarar desafios, contribuindo com ideias inovadoras. A permanência de um profissional na organização depende muito de seu próprio esforço e empenho e dos resultados que ele apresenta.

Arlindo Felipe Junior, Diretor Executivo do Grupo Soma, acredita que ambos tragam vantagens, por isso nem sempre é fácil tomar uma decisão. “O colaborador antigo conhece a empresa, seu histórico de atividades e informaçõesconstruídas ao longo do tempo. Ele possui experiência e capacidade para transmitir conhecimentos que não se encontram em livros ou cursos, mas em lições aprendidas na prática”, analisa. “O novo, por sua vez, possui a garra e a gana do inovar, da conquista e do questionamento, fazendo com que o ambiente e a empresa sejam oxigenados”.

Segundo o diretor, o mais importante é respeitar o momento da empresa e suas necessidades. Há certas ocasiões em que o profissional que conhece “a casa” encontra soluções de forma mais rápida, até mesmo utilizando-se da experiência com problemas anteriores e similares para encontrar a resposta adequada. Já em outra situação, uma pessoa de fora consegue enxergar mais facilmente novas maneiras de resolver determinado problema.

É perceptível que tanto funcionários antigos quanto novos apresentem vantagens para as empresas, principalmente se caminhando juntos, o que nem sempre é possível. Para Loris Temes, Diretora Administrativa da Coopercaixa, o mais adequado é que os profissionais entrem na empresa em cargos mais baixos, para que possam evoluir com os mais experientes, mas, o custo do profissional da atualidade dificulta esse tipo de ação. “O ideal é quando a gente consegue trazer pessoas novas na base da pirâmide (cargos menores) e esses profissionais vão subindo com a ajuda dos veteranos (alcançando, assim, cargos maiores). Essa é a situação ideal. Mas, infelizmente, nem sempre é possível, ainda mais hoje em dia que o investimento no profissional é caro e muitas vezes encontramos o profissional ‘pronto` no mercado”.

Thiago Zanon, Diretor de RH da Sodexo Cheques e Cartões de Serviço, também acredita que o entrosamento dos funcionários é o mais adequado. “É uma dinâmica extremamente enriquecedora que ajuda os dois, o antigo aprende coisas que desconhece, visita novas formas de pensar e se abre para tentar e ousar mais. O novo passa a conhecer a empresa e seu modo de trabalhar e começa a navegar na história da organização. É uma troca sensacional, mas que, como tudo na vida, precisa de maturidade de ambos os lados”.

Arlindo acredita que o profissional veterano é uma
fonte de conhecimento e que sua posição na empresa deva ser respeitada pelos mais novos. “Na teoria não existe um momento para descartar o veterano que ainda apresenta disposição, pois quanto mais o ser humano adquire experiência mais útil ele é. Se parafrasearmos sobre envelhecimento do vinho, quanto mais velho melhor, assim deve ser a relação com o profissional antigo. Ele deve ser visto como um ancião ou sábio conselheiro, auxiliando os novos e sendo fonte de inspiração para os demais”.

O modo como a empresa se comporta diante da relação
novo e velho também tem forte influência. Algumas organizações investem nesse contato e realizam uma aproximação imediata entre os veteranos e os novatos. “Eu gosto muito do sistema de tutoria ou de apadrinhamento que a gente adota”, conta Loris. “Quando chega uma pessoa nova, o colaborador antigo (não necessariamente o chefe direto ou gestor) assume aquele recém-contratado como afilhado e faz uma integração com ele nos primeiros meses. Vemos o apadrinhamento como uma ação de extrema importância e que traz excelentes resultados, uma vez que ajuda esse profissional a se sentir bem na nova casa, além de se adaptar com maior facilidade”.

Quando o veterano experiente se torna improdutivo

Apesar da relação criada entre o veterano e a empresa, o foco é sempre nos resultados e na produtividade. É nesse momento que alguns profissionais que se acomodam com o tempo de casa podem ser notados e substituídos por novos funcionários ou colegas de
trabalho que almejam uma promoção.

“Novo ou antigo, ninguém acomodado deve permanecer na empresa. O funcionário antigo que está acomodado, se não mudar, deve sair. Assim como o novo”, afirma Thiago. “No momento em que o colaborador não se adapta mais aos objetivos e cultura da empresa e quando seus valores pessoais se distanciam demais daqueles que a organização quer implantar, é hora de repensar na permanência do profissional”.

É o próprio profissional que irá construir sua imagem perante os demais, e para não ser visto como um funcionário encostado deve mostrar produtividade. “Se o profissional veterano não trouxer resultados satisfatórios, todo tipo de adjetivos negativos lhe serão atribuídos. Em contrapartida, se tiver um bom desempenho profissional, será visto como alguém que deve ser seguido na empresa, um tipo de funcionário padrão”, diz Arlindo.

Segundo Loris, apesar da empresa se preocupar com o desenvolvimento dos funcionários, o mais importante é que o próprio profissional demonstre força de vontade e comprometimento. “Eu acho que uma empresa deve trabalhar no processo de desenvolver os antigos, que não são profissionais obsoletos. O profissional veterano tem que ser investido, treinado e deve passar por reciclagem para se manter no papel de um bom profissional” – fala Loris – “Aquele profissional que vira peça de museu, que não tem nenhum investimento e não quer se desenvolver, esse sim passou a ser obsoleto. Não podemos confundir esses dois tipos de profissionais. O veterano que continua se mantendo informado e investindo no próprio desenvolvimento e o acomodado, que está apenas esperando o tempo passar”.


0 comentários: