Prof. Chafic Jbeili - www.chafic.com.br
Tenho querido muito estar nas escolas ou junto a gestores escolares em palestras compartilhando reflexões sobre inclusão social e educação inclusiva, fazendo um paralelo deste tema com a alarmante e crescente indisciplina e violência escolar. Estou presente sempre que possível e viabilizada a minha presença. Como nem sempre é possível, então resolvi compartilhar um ensaio de minha opinião sobre o tema. Vamos lá?
Primeiro criam-se as circunstâncias da dor exclusão e depois se oferece analgésico caro e ineficaz. Caro porque sobrecarrega apenas educadores nesta árdua tarefa, quando na verdade é responsabilidade de todos; e ineficaz porque tentam-se combater sintomas ao invés de cessar a simbiose que dá origem a exclusão, formando perversamente uma grande e complexa caixa de neuroses nos cidadãos e em gestores escolares.
A indisciplina, por exemplo, é sintoma, subproduto da exclusão e produto da liberdade mal usufruída. Esta liberdade tão desejada por muitos, porém mal desfrutada pela maioria que desconhece ou desrespeita os limites demarcados em forma de regras para a boa e saudável convivência social, sem a qual nunca haverá de fato e de direito a inclusão social que, por sua vez, estará sempre atrelada à educação inclusiva de base.
Como poderá prospe rar a inclusão social sem que as pessoas sejam educadas e preparadas para isso a partir da família, da escola, da igreja e do Estado? Mas quem são os gestores dessas instituições? A família tem cada vez menos tempo para a família. A escola perdeu seu valor acadêmico para os educandos. A Igreja está institucionalizada mais do que espiritualizada. A máquina pública não dá conta das promessas políticas. Ensinar valores morais e educar para a vida não é mais prioridade nem da família, nem da escola e muito menos da igreja ou do Estado. Cada instituição tem seus próprios interesses e se ocupam em suas crises estruturais e de gestão específicas.
Sinto que as crianças estão à mercê da sorte, mas são livres e cheias de direitos! Maravilha!
Pais, educadores, cléri gos e governantes precisam preocupar-se mais em como instruir valores morais às crianças. Quem foi o infeliz que retirou a disciplina Educação Moral e Cívica do currículo escolar?
Deve-se ensinar inclusão pela liberdade com dignidade, equilibrando justiça e força. Viver com decência e honradez é mais proveitoso para toda a sociedade. Viver com desregrada porfia é mais vantajoso para o sistema político e financeiro. Os interesses do povo e dos governantes são conflitantes. é neste contexto que se perdem o fio da meada e surgem a exclusão e a indisciplina.
Tais disritmias sociais não se combate remediando sintomas, todos sabem! Acontece que os que sabem e tem o poder de fazer algo não se importa realmente quem sejam ou como vivem as disritimadas vítimas sociais; basta que votem e movimentem o mercado financeiro comprando car ro, geladeira e fogão com impostos reduzidos, pois é disso que o povo gosta e é disto que os astutos precisam: Liberdade em forma de pão e circo para o cidadão plebeu, ignorante, sem educação. Poder e força para os manipuladores das massas.
Destas massas supostamente livres e que mal tem conhecimento e condições de gerir com sucesso suas famílias, suas escolas, suas igrejas ou seu Estado que se espera e se cobra efetivar a inclusão social. Um povo cujos governantes acreditam necessitar Leis específicas para que se respeitem suas crianças, suas mulheres e seus idosos. Que tipo de gente precisa de leis para respeitar uma criança, uma mulher indefesa ou um idoso sem forças? Até meu cachorro sabe fazer essas coisas, sem conhecer Leis.
Quanta incoerência: Exigir comportamento altruísta e cooperativo de um povo estimulado à ;s suas pulsões mais primitivas e altamente estimulado à competitividade. Ou seja, comprem e consumam como doentes irracionais e comportem-se como gente civilizada! Promovam a inclusão nem que para isso tenham que excluir pessoas!
Este é o preço da liberdade que se garante a todos sem que, na prática, alguém se responsabilize pelo mau uso dela! Dá pra entender?
Amor eterno
Há 10 anos